Dando Nota

Rodrigo Alves

“As Noivas de Nelson”, no 3º Fentepira

João Ballas

"As Noivas de Nelson", da Cia. Paulista de Artes. Foto: João Ballas

Tive a oportunidade de conhecer apenas uma vez o trabalho do diretor Marco Antônio Braz. Quer dizer, agora, duas. Na primeira, saí do teatro extasiado: também pudera, além de dirigir uma magnífica atriz (Denise Fraga), deu conta de adaptar um texto de sucesso “A Alma Boa de Setsuan”, do dramaturgo alemão Bertold Brecht (em cartaz no Teatro Renaissance, de julho a setembro deste ano).
Ontem (23/11/2008), voltei a presenciar em cena mais uma vez atores sobre o seu comando. Desta vez o texto em questão foi de um dramaturgo pra lá de bem explorado no teatro (Nelson Rodrigues) e a atuação da Cia. Paulista de Artes.
Nos palcos do Teatro Municipal “Dr. Losso Netto”, como primeiro grupo da apresentação da mostra competitiva do 3º Fentepira (Festival Nacional de Teatro de Piracicaba), a Cia. Paulista de Artes desmembrou o universo “rodrigueano” em cinco histórias: “Excesso de Trabalho”, “Delicado”, “O Sacrilégio”, “O Pastelzinho” e “Feia Demais”. Em comum entre os enredos estava o noivado, o casamento e a morte (no caso a viuvez). Tais contos foram extraídos do livro  “A Vida Como Ela É”.
Premiado em diversos festivais, o grupo apresentou o espetáculo com maturidade. Destaque para a atuação de Anamaria Barreto (que assina inclusive a assistência de direção).
Para transmitir o aspecto “fúnebre” dos textos, os atores apresentaram todos os textos com os pés descalços, pintados de branco. No rosto, além da maquiagem pálida e cheia de olheiras dos personagens, uma espécie de algodão nas narinas. Tais características, na minha opinião, compensaram os poucos recursos de iluminação e trilha sonora.
Somados aos artifícios de figurino e maquiagem, os atores intercalaram suas interpretações em primeira e terceira pessoa. Ora são os próprios personagens, ora os narradores dos personagens que interpretam, dando ao público a real noção do drama da história. E diante de tantas tensões, o elenco permitiu ao público relaxar com cenas cômicas (ou tragicômicas).
O cenário foi simples e suficiente para dar suporte ao longo dos cinco contos: cadeiras dispersas lado a lado e ao centro uma espécie de “confessionário antigo”, uma espécie de portal utilizado para demonstrar a passagem do tempo.
Ainda é cedo para dizer se “As Noivas de Nelson” sairá vitorioso no Fentepira, mas é certo que o público saiu de lá satisfeto. Eu também!

Rodrigo Alves

 

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Publicado às 24 de novembro de 2008 por em Teatro e marcado , , , , .

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