Ana Beatriz Barbosa Silva em Piracicaba
A psiquiatra carioca Ana Beatriz Barbosa Silva esteve no Clube de Campo de Piracicaba na última segunda-feira, 5 de julho, para falar sobre o bullying. Por admirar um tanto o seu trabalho, compareci ao evento (em 2007, fiz uma entrevista com a médica para uma série sobre Saúde Mental no caderno Movimento – o texto ficou entre os três melhores de um prêmio da Sociedade Brasileira de Psiquiatria – e também já havia lido o livro de sua autoria, “Mentes Inquietas”, sobre TDAH).
Um tanto atrasada (pouco mais de uma hora, por causa de alguns ajustes técnicos no local), a palestra teve a presença massiva de professores e educadores, que lidam com o assunto constantemente em sala de aula. Entre as questões um tanto polêmicas abordadas por Ana Beatriz, vou fazer alguns comentários:
- O bullying ocorre apenas quando a pessoa se sente lesada (portanto, é necessário distinguir brincadeiras entre amigos e colegas do verdadeiro ato de bullying). Ele também precisa acontecer mais de uma vez em um curto espaço de tempo.
- Ana Beatriz também fez referência ao problema apenas na fase escolar até o ensino médio, deixando em aberto como ele é caracterizado numa fase mais adulta, como no ensino superior. O problema existe? Infelizmente isto ficou sem uma resposta, porque devido ao atraso, apenas duas perguntas puderam ser feitas.
- Mais um de seus exemplos: um paciente de 6 anos não ia ao banheiro da escola. Ela acreditava, então, que esta reação poderia ser fruto de bullying. Por isso, chegou a recomendar a instalação de câmeras no banheiro da escola. Claro, existiram reações dos pais, com o argumento da falta de privacidade. Enfática, Ana Beatriz disse que uma criança de 6 anos precisa de segurança e não de privacidade. Minha pergunta: não existe outra alternativa, afinal, já somos tão vigiados?
- As considerações da médica foram, exclusivamente, sobre a forma de ajudar as crianças que sofreram o bullying. O desafio é mostrar a elas que é possível dar da volta por cima. No telão, Ana Beatriz exibiu imagens de estrelas que sofreram o problema na infância e superaram as adversidades: Madonna, Spielberg, Michael Phelps, Kate Winslet e David Beckham.
- Mas e os chamados bullyes? Como recuperá-los? Se ainda pensarmos que são crianças e adolescentes, como deixar que se transformem nos adultos do livro Mentes Perigosas de Ana Beatriz? Isso, segundo a médica, é uma questão de política pública e praticamente nada é feito. O bullye, respondeu Ana Beatriz, sequer pode ser tratado em uma clínica, pois seu ato não é considerado doença.
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A dra. Ana Beatriz B. Silva está de parabéns pelo seu novo livro Bullying. Ela está prestando um serviço a nossa sociedade. Acompanho seu trabalho, penso se todos psiquiatras fossem como ela estariamos bem servidos.
Patricia Kilza
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Olá Rodrigo
Excelentes as considerações, mas prefiro uma visão menos estigmatizada acerca do bullying. Por coincidência, também estou abordando o tema no site do recriando vínculos.
abraço
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